Esofagite Eosinofílica: o que é, causas e tratamento
Descubra as possíveis causas da esofagite eosinofílica e quais as principais diferenças entre ela e a doença de refluxo gastroesofágico.
Neste artigo, vamos explicar o que é a esofagite eosinofílica, quais são as possíveis causas e as opções de tratamento mais usadas para aliviar os sintomas da doença.
Então, vamos lá? Boa leitura!
O que é esofagite eosinofílica?
A esofagite eosinofílica (EEo) é uma doença inflamatória crônica do esôfago. A inflamação ocorre nas paredes do órgão, onde há o acúmulo de eosinófilos, um tipo de célula branca ou leucócito.
Atualmente, é considerada a segunda causa mais comum de inflamação esofágica, após a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), e uma das principais causas da dificuldade para engolir, podendo impactar a alimentação de crianças e adultos jovens.
Quais os sintomas da esofagite eosinofílica?
Os sintomas de esofagite eosinofílica podem variar de acordo com a idade da pessoa.
Bebês e crianças podem desenvolver, principalmente, sintomas relacionados com dificuldade alimentar, como vômito, regurgitação e recusa alimentar, o que pode resultar em déficit de desenvolvimento. Por isso, é importante acompanhar de perto a evolução das curvas de crescimento.
Durante a infância, também são comumente reportados vômito e dor abdominal. Na adolescência, são mais comuns os sintomas de refluxo gastroesofágico, dificuldade para engolir e sensação de que a comida fica entalada na garganta.
Como ocorre o desenvolvimento da esofagite eosinofílica?
O desenvolvimento da esofagite eosinofílica ainda não é bem compreendido. Uma das principais hipóteses é que a doença seja causada por uma reação alérgica depois que certos alimentos são ingeridos por pessoas predispostas.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são genéticos. Os fatores ambientais que predispõem o seu aparecimento ainda não estão bem estabelecidos.
Como é feito o diagnóstico de esofagite eosinofílica?
O diagnóstico da esofagite eosinofílica é realizado por meio de avaliação médica, seguida por endoscopia e biópsia do esôfago.
Apesar de existirem alterações características identificadas na endoscopia, de 10 a 25% dos pacientes podem apresentar resultados normais nesse exame. Por isso, a importância de se realizar a biópsia junto.
Porém, o caminho até o diagnóstico é desafiador devido ao amplo espectro de sintomas. De acordo com um estudo realizado com crianças de países europeus, existe uma demora entre o momento de início dos sintomas e o diagnóstico da doença, principalmente em crianças menores de 6 anos.
Isso ocorre principalmente pelos sintomas menos específicos nessa faixa etária, como vômitos e déficit de crescimento, que estão relacionados a diferentes doenças. Além disso, crianças mais novas têm dificuldade em verbalizarem os sintomas.
Quais são os tratamentos para esofagite eosinofílica?
Alguns tratamentos mais usados para esofagite eosinofílica são os inibidores de bomba de prótons, corticosteroides e mudanças na dieta alimentar. O objetivo do tratamento é, idealmente, aliviar os principais sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Apesar de ser considerada uma doença crônica, ainda existem poucos dados da história natural da EEo. Porém, estudos que acompanham pacientes diagnosticados ao longo da vida demonstram a possibilidade de remissão da doença após tratamento. Isso significa que o problema permanece sob controle, podendo manter uma dieta normal e sem medicações.
Tratamento com medicamentos
Os inibidores de bombas de prótons e corticosteroides são as opções de tratamento com medicamentos.
O uso dos inibidores de bombas de prótons já foi considerado um critério diagnóstico para a EEo, dependendo se o paciente respondia ou não ao uso do medicamento.
Porém, de acordo com os consensos médicos mais recentes, a EEo responsiva ao tratamento com inibidor de bomba de prótons é considerada um subtipo da doença.
Mudanças na dieta alimentar
A dieta de eliminação visa retirar da alimentação da criança os possíveis alimentos causadores da reação alérgica que pode desencadear a esofagite eosinofílica.
É preciso o acompanhamento de um nutricionista para impedir que a retirada do alimento leve a uma inadequação nutricional.
Qual a relação entre esofagite eosinofílica e doença do refluxo esofágico?
A relação entre a esofagite eosinofílica e a doença do refluxo gastroesofágico é complexa.
Quando o refluxo esofágico ocasiona danos a mucosa do órgão devido a erosão e ulceração pelo contato com o ácido do estômago, a função da barreia epitelial é impactada, aumentando o risco de sensibilização alimentar
Esse mecanismo pode explicar o porquê pacientes com um risco aumentado para DRGE, como aquelas que passaram por correção da atresia de esôfago, tem um risco maior de desenvolver EEo.
Porém, a EEo também pode culminar no desenvolvimento da doença do refluxo gastroesofágico. O EEo pode induzir a dismotilidade do trato gastrointestinal superior e seu processo inflamatório pode aumentar a sensibilidade a exposição ao ácido do estômago.
As informações acima são baseadas na literatura científica sobre o tema e não substituem uma consulta médica. Ao aparecimento de sintomas ou suspeita da doença procure um pediatra ou gastroenterologista.
Referências:
Furuta GT, Liacouras CA, Collins MH, Gupta SK, Justinich C, Putnam PE, Bonis P, Hassall E, Straumann A, Rothenberg ME; First International Gastrointestinal Eosinophil Research Symposium (FIGERS) Subcommittees. Eosinophilic esophagitis in children and adults: a systematic review and consensus recommendations for diagnosis and treatment. Gastroenterology. 2007 Oct;133(4):1342-63.
Liacouras CA, Furuta GT, Hirano I, Atkins D, Attwood SE, Bonis PA, Burks AW, Chehade M, Collins MH, Dellon ES, Dohil R, Falk GW, Gonsalves N, Gupta SK, Katzka DA, Lucendo AJ, Markowitz JE, Noel RJ, Odze RD, Putnam PE, Richter JE, Romero Y, Ruchelli E, Sampson HA, Schoepfer A, Shaheen NJ, Sicherer SH, Spechler S, Spergel JM, Straumann A, Wershil BK, Rothenberg ME, Aceves SS. Eosinophilic esophagitis: updated consensus recommendations for children and adults. J Allergy Clin Immunol. 2011 Jul;128(1):3-20.e6; quiz 21-2.
Muir A, Falk GW. Eosinophilic Esophagitis: A Review. JAMA. 2021 Oct 5;326(13):1310-1318.
Oliva S, Dias JA, Rea F, Malamisura M, Espinheira MC, Papadopoulou A, Koutri E, Rossetti D, Orel R, Homan M, Bauraind O, Auth MK, Junquera CG, Vande Velde S, Kori M, Huysentruyt K, Urbonas V, Roma E, Fernández SF, Domínguez-Ortega G, Zifman E, Kafritsa P, Miele E, Zevit N; ESPGHAN EGID Working Group. Characterization of Eosinophilic Esophagitis From the European Pediatric Eosinophilic Esophagitis Registry (pEEr) of ESPGHAN. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2022 Sep 1;75(3):325-333.
Papadopoulou A, Amil-Dias J, Auth MK, Chehade M, Collins MH, Gupta SK, Gutiérrez-Junquera C, Orel R, Vieira MC, Zevit N, Atkins D, Bredenoord AJ, Carneiro F, Dellon ES, Gonsalves N, Menard-Katcher C, Koletzko S, Liacouras C, Marderfeld L, Oliva S, Ohtsuka Y, Rothenberg ME, Strauman A, Thapar N, Yang GY, Furuta GT. Joint ESPGHAN/NASPGHAN Guidelines on Childhood Eosinophilic Gastrointestinal Disorders beyond Eosinophilic Esophagitis. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2023 Jul 4.
Papadopoulou A, Koletzko S, Heuschkel R, Dias JA, Allen KJ, Murch SH, Chong S, Gottrand F, Husby S, Lionetti P, Mearin ML, Ruemmele FM, Schäppi MG, Staiano A, Wilschanski M, Vandenplas Y; ESPGHAN Eosinophilic Esophagitis Working Group and the Gastroenterology Committee. Management guidelines of eosinophilic esophagitis in childhood. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2014 Jan;58(1):107-18.
Artigos relacionados