Mãe sorridente carrega o filho no colo, ilustrando a fase conhecida como terrible two.

Adolescência do bebê? O que esperar das crianças de 2 anos?

1 a 3 anos
Artigo
Abr 22, 2025
12mins

O ‘terrible two’, ou terríveis dois anos, pode ter vários desafios, mas também muitas alegrias. Veja mais sobre o desenvolvimento nessa fase!

Introdução

Um ano atrás, era uma criança aprendendo a caminhar. Agora, já está correndo por todos os lugares. E, quando corre, é porque sabe para onde quer ir.

Se antes mal balbuciava, agora já consegue elaborar frases curtinhas de duas ou três palavras. Diz o que quer daquele jeitinho que às vezes nos derrete o coração. E que, outras vezes, nos faz querer arrancar os próprios cabelos!

É normal comemorar quando finalmente dorme (quem sempre?). Afinal, é um serzinho cheio de vontades enfrentando um adulto já bem cansado de correr atrás ou de tentar explicar por que precisa ir embora da pracinha ou trocar a fralda.

Esse é o seu(sua) filho(a) se transformando em uma criança. Parabéns!

Mas nem tudo é tão fofinho, é verdade. Já te avisaram sobre a crise dos dois anos chamada de “terrible two” (terríveis dois anos, em inglês)? Bem, é um período marcado pelas famosas “birras”. É real e desafiador, sim.

Porém, quando a gente lembra que é parte do desenvolvimento emocional deles, que estão construindo a noção de identidade, dá para passar por essa fase de forma mais leve, com foco nas conquistas. E vocês têm muitas! Segue aqui, que a gente explica melhor. Neste artigo vamos falar sobre:

O desenvolvimento das crianças de 2 anos

Desenvolvimento físico médio na época do aniversário de 2 anos:

  • Peso médio: 9,7 a 15,3 kg
  • Altura: 81,9 a 93,9 cm
  • Horas de sono necessárias: 11 a 14 horas (inclui cochilos)

Aos dois anos, a criança está deixando a fase que Jean Piaget chamou de sensório-motora (em que ela aprende exclusivamente a partir dos sentidos) e, com a aquisição da linguagem, começa a entrar na fase simbólica ou pré-operacional.

Normalmente, ela fala de si na terceira pessoa usando “nenê quer” ou já tem um jeito todo peculiar de pronunciar o próprio nome.

Estima-se que crianças de 2 anos já saibam nomear (da sua forma) cerca de 300 coisas e se comuniquem com frases simples. Continue incentivando a fala sempre que ela pedir algo só apontando.

Em algumas crianças, a linguagem pode demorar um pouquinho mais, não precisa se assustar se esse for o caso do seu filho. Mas converse sempre com o pediatra para avaliar outros indicadores de desenvolvimento. Se tiver algum atraso, ele saberá indicar um profissional para ajudar.

A coordenação motora está se desenvolvendo a milhão. Você pode estimular os movimentos mais finos oferecendo giz de cera e papel para os primeiros rabiscos. Massinha de modelar também faz sucesso nessa idade. Mas vale ficar sempre perto para que a criança não leve à boca.

Desenvolvimento social

Aos 2 anos de idade, as crianças estão em um estágio crucial de desenvolvimento social. Nessa fase, elas começam a desenvolver habilidades sociais, como aprender a compartilhar e cooperar com outras crianças. 

Elas também passam a se engajar em interações mais complexas com outras crianças, buscando ativamente a amizade e a companhia de seus pares.

No entanto, é comum que as crianças nessa idade também demonstrem comportamentos desafiadores. Isso pode incluir birras, teimosia e dificuldades em seguir instruções. 

Elas podem se recusar a dividir brinquedos e podem ter dificuldade em entender a importância de esperar a sua vez na hora das brincadeiras. É importante que os pais e cuidadores orientem e auxiliem as crianças a lidar com esses comportamentos, ensinando-lhes habilidades sociais adequadas.

Durante as interações com outras crianças, é comum que as crianças de 2 anos alternem entre comportamentos de acordo e contrariados. Elas podem cooperar e brincar bem com os outros em um momento e, no próximo, podem insistir em ter as coisas do seu jeito e se recusar a cooperar.

Em resumo, aos 2 anos, as crianças estão começando a desenvolver suas habilidades sociais, mas ainda podem apresentar comportamentos desafiadores. A interação com outras crianças é importante nessa fase para que elas aprendam a compartilhar e cooperar. 

Os cuidadores devem ajudar as crianças a lidar com seus comportamentos de acordo ou contrariados, orientando-as sobre o comportamento apropriado e incentivando habilidades sociais positivas.

Comunicação

O desenvolvimento da comunicação na fase dos 2 anos é um momento crucial para a criança, onde ocorrem vários marcos importantes. 

Além de formar frases de pelo menos duas palavras, é comum que ela comece a utilizar gestos simples, como acenar e balançar a cabeça, para se comunicar de forma não verbal.

No entanto, apesar desses avanços, é normal que ela tenha dificuldade em encontrar as palavras certas para descrever as emoções dela ou para falar sobre o que lhe interessa. Isso ocorre porque ela ainda está aprendendo a utilizar as palavras de maneira adequada e a desenvolver sua capacidade de comunicação. 

É importante ressaltar que cada criança se desenvolve em seu próprio ritmo e que esses marcos de linguagem podem variar um pouco. 

Desenvolvimento físico e motor

Aos 2 anos de idade, as crianças passam por um rápido desenvolvimento físico e motor. Nessa fase, elas geralmente pesam entre 10 e 14 quilos e medem entre 85 e 90 centímetros de altura. 

Em termos de habilidades motoras, aos 2 anos as crianças começam a se tornar mais adeptas a correr, saltar e subir em móveis e escadas. 

Elas também aprimoram sua coordenação motora fina, sendo capazes de segurar e usar utensílios de alimentação e usar um lápis ou giz para fazer desenhos simples.

Além disso, as crianças de 2 anos demonstram um maior interesse social e estão mais dispostas a brincar com outras crianças. Elas também se tornam mais autocentradas e têm uma melhor compreensão do mundo ao seu redor.

Evolução neurológica e psicológica

No que diz respeito ao desenvolvimento neurológico, aos 2 anos, o cérebro da criança está em pleno crescimento, com o aumento do número de sinapses e a maturação dos sistemas sensoriais e motores. 

O desenvolvimento do sistema nervoso central está intimamente relacionado às habilidades cognitivas e emocionais da criança.

Quanto ao desenvolvimento psicológico, a criança aos 2 anos entra na chamada fase sensório-motora, de acordo com a teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget. Nessa fase, a criança explora o mundo por meio dos sentidos e do movimento, aprendendo sobre objetos, seus atributos e possibilidades. Ela começa a representar internamente acontecimentos e objetos ausentes e desenvolve a capacidade de imitar comportamentos. 

Além disso, aos 2 anos, a criança está desenvolvendo sua linguagem, começando a formar frases simples e se comunicar de maneira mais eficiente.

Em termos sociais, nessa fase, a criança também apresenta avanços significativos. Ela começa a demonstrar um maior interesse pelas interações sociais, sendo capaz de brincar perto de outras crianças e de compartilhar brinquedos. 

Aos poucos, a criança começa a desenvolver habilidades sociais básicas, como dividir, esperar sua vez e cooperar.

Quais hábitos podem auxiliar o desenvolvimento da criança?

Para auxiliar no desenvolvimento saudável de uma criança de 2 anos, é crucial que sejam estabelecidos hábitos saudáveis em diversas áreas da vida. 

Uma alimentação balanceada é essencial nessa fase, pois fornece os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento adequado. É importante incentivar o consumo de frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, evitando alimentos processados e ricos em açúcar.

Além disso, garantir um sono adequado para o desenvolvimento cognitivo e físico da criança. Estabelecer uma rotina de horários para dormir e acordar, criar um ambiente tranquilo e confortável para o sono e ter um ritual relaxante antes de dormir, como ler uma história, ajudam a garantir uma boa qualidade de sono.

As atividades estimulantes também desempenham um papel importante e as brincadeiras que desafiam a coordenação motora, a linguagem e a criatividade são indicadas. Jogos que envolvam encaixar peças, empilhar objetos, montar quebra-cabeças e atividades ao ar livre que estimulem a exploração do ambiente são excelentes opções.

Outro aspecto fundamental é prestar atenção à linguagem da criança. Estimular a comunicação, incentivar a fala e o uso correto das palavras é essencial nessa fase. 

Ler livros, cantar músicas, conversar com a criança e nomear objetos e situações são atividades que auxiliam no desenvolvimento da linguagem.

Por fim, estabelecer rotinas diárias proporciona uma sensação de segurança para a criança. Ter horários fixos para as refeições, para brincar, para dormir e para outras atividades do dia a dia ajudam a criança a se sentir mais segura e organizada, contribuindo para o seu desenvolvimento saudável.

Quando pode ser a hora do desfralde?

Quando as funções motoras de pular, alternar os pés nas escadas começam a ficar mais desenvolvidas, normalmente é porque os músculos pélvicos e esfíncteres também já estão mais fortes. Aí vem mais uma dúvida: será que é hora do desfralde?

Essa é uma dúvida muito comum de mães e pais. Mais uma vez: não tem regra, crianças podem desfraldar com 2, 3 ou até 4 anos. Existem alguns sinais de prontidão da criança, mas também os pais precisam estar prontos para o processo.

Confira se seu filho deu sinais de que está pronto para dizer ‘tchau, fraldinha'!

✅ Avisa quando vai fazer ou fez xixi ou cocô?

✅ Já pula bem com os dois pés e alterna os pés na escada?

✅ Reclama ou tenta arrancar a fralda?

Se você respondeu sim nas três perguntas, pode ser um bom momento para testar. Mas antes responda a mais duas perguntas:

✅ O clima está bom para deixar a criança com menos roupa (e sujar menos roupas, consequentemente)?

✅ Tem um adulto que possa acompanhar a criança ao banheiro todas as vezes e lidar com a frustração e roupas sujas de eventuais escapes?

A menos que você more em uma região em que é sempre frio, essas duas questões – clima e disponibilidade dos pais – ajudam a passar pelo processo de forma muito mais tranquila! E aí, você já tem planos para as férias de verão?

Quer dicas sobre o processo de desfralde? Confira aqui!

A alimentação para criança de 2 anos

A recomendação para amamentação é até os dois anos ou mais. Mas vale lembrar que não é obrigatório parar de amamentar aos dois anos e você pode entender o que funciona no seu dia a dia e na sua relação com a criança. O importante é garantir outras fontes de nutrientes e oferecer outras texturas e sabores.

  • Autonomia: com 2 anos, seu filhote já come quase tudo o que a família come e é capaz de comer sozinho – com a supervisão dos cuidadores, claro! Além de dar maior autonomia para a criança, isso ajuda a treinar os movimentos e fortalecer os dentes. Vale continuar estimulando!
  • Alimentação saudável desde cedo: a melhor forma é o exemplo! Todos à mesa? Incentive o consumo de verduras, frutas e legumes variados e dos vegetais verde-escuros. Um ou mais tipos de cereais devem compor toda refeição (arroz, macarrão, pão, quinoa, entre outros). Lembre-se das leguminosas e das proteínas, como feijão, lentilha, ervilha e carnes.

Se estamos todos nos desenvolvendo juntos, que seja da forma mais saudável!

Ah, e aos 2 anos não é indicado que a criança coma e beba refrigerantes, café, frituras, açúcar e sal em excesso e produtos embutidos (como linguiça, salame, salsicha, presunto, mortadela e outros).

“Terrible two” - a crise dos dois anos é mito ou verdade?

Criança de fraldinha limpa e bem alimentada, vamos falar do que mais assusta mães e pais de crianças de dois anos: a tão falada crise dos 2 anos ou “terrible two”.

De repente, aquela criança calma e risonha agora tem momentos de birra, gritos e choro e você não entende bem o que está acontecendo e não sabe o que fazer. Se identificou?

Bom, vocês chegaram na fase dos “terríveis dois anos”, também conhecida como adolescência do bebê. Ou seja, o “terrible two” não é um mito. A fase, que pode durar dos 18 meses até os 3 anos, faz parte do desenvolvimento da criança.

Mas, ainda que tenha esse nome, a criança de dois anos não é terrível: é alguém se percebendo enquanto indivíduo, descobrindo seus limites, medos e vontades – e sem recursos nem maturidade cerebral para expressar tudo isso.

Então, fique tranquila(o): não é falta de educação, nem uma falha sua.

Até pouco tempo atrás, seu filho(a) não falava e não tinha como dizer se estava com sono, com calor, com medo. Agora, cada vez mais, consegue se expressar. Ele começa a compreender que é um indivíduo separado de seus pais e aprende a dizer “não quero”, “agora”, “eu vou”.

A birra nada mais é do que uma forma de mostrar a frustração da criança. Nós não nos sentimos exatamente assim, muitas vezes? Também ficamos frustrados quando nosso filho não se comporta como desejamos, na hora e no local que queremos. Quem nunca sentiu vontade de gritar ou chorar por causa disso?

A diferença é que agora somos nós os adultos da relação, de quem se espera mais controle. E precisamos não só aprender a lidar com essa nossa própria frustração, como ensinar um outro serzinho a passar por isso.

Conheça formas de lidar com a “birra” dos 2 anos

Tente se lembrar, mesmo nos momentos desafiadores, que educar não é algo simples e que todas as mães e pais temos nossas dificuldades. Não se culpe, tal como a criança, não nascemos sabendo.

Mas estamos sempre prontos para aprender e compartilhar dicas. Essas quatro valem ouro:

Dica 1: não adianta fazer muita coisa no exato momento em que a criança faz a birra. Gritar, tentar falar, bater, castigar não vai resolver nessa hora. Deixe a criança parar e espere com paciência. Se estiver em lugar público, não tenha vergonha e não ligue para o olhar de outras pessoas: você está dando seu melhor.

Dica 2: quando o pequeno se acalmar, explique o que ele fez de errado, de preferência, olhando no olho. Pode ser difícil, mas tente usar um tom carinhoso e próximo. Por exemplo: “eu te amo e por isso preciso te ensinar. Quando você faz isso, eu fico triste. Isso é ruim por causa disso e daquilo”.

Se acontecer de novo, repita o processo. A educação acontece pelo exemplo e pela repetição.

Dica 3: para evitar uma próxima birra, tente oferecer duas opções para a criança, dentro do que é necessário que ela faça. Por exemplo: se ela tem o costume de se recusar a tomar banho, comece perguntando qual xampu ela quer usar hoje. Na hora de comer, deixe que ela escolha a colher com a cor que ela mais gosta. São escolhas simples para nós, mas que passam a sensação de autonomia para eles.

Dica 4: busque diferenciar a birra dos processos de descoberta. Nem sempre que a criança joga algo no chão é sinal de que ela está frustrada. Às vezes, ela está sendo curiosa. Nesse caso, vale ter ainda mais carinho e paciência para explicar que, por exemplo, as coisas quebram quando caem.

O lado bom – além do desenvolvimento emocional da criança – é que, depois que passamos por essa fase com eles, esse aprendizado fica também para as nossas vidas.

Aprendemos a respirar fundo, lidar com as nossas frustrações e enxergar melhor os sentimentos do outro. Vamos juntos?

As dicas não substituem uma consulta médica. Não deixe de consultar o pediatra de seu filho para obter orientações individualizadas. 

Referências

GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimen…

O ensino para crianças de 2 a 3 anos de idade na perspectiva histórico-crítica
https://tede.unioeste.br/handle/tede/3817

O desenvolvimento infantil aos dois anos: conhecendo as habilidades de crianças atendidas em um programa de saúde materno-infantil
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682…

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