Episódio 5: Perguntas Frequentes sobre Amamentação
Esclareça suas dúvidas sobre o aleitamento materno com dicas de médicos, nutricionistas e psicólogos. Explore temas como 'leite fraco', alimentação durante a amamentação, e o impacto emocional na mãe e no bebê.
Nós sabemos que a Amamentação, um momento tão especial na vida de mães, pais e filhos, pode também gerar muitas dúvidas.
Pensando nisso, reunimos quatro especialistas em Aleitamento Materno para responder as perguntas mais frequentes sobre o assunto, de maneira multidisciplinar.
Existe "leite fraco"?
Ana Paula Sanches, Nutricionista: “Sempre digo que nasce um bebê, nasce uma mãe e muitas dúvidas sobre o mito do leite fraco. Leite fraco não existe. O que existe é a confusão do primeiro momento - do colosso - que é um leite mais claro. Mas não existe leite fraco, é uma confusão”.
Dra. Simone Ramos, Pediatra: “Não existe leite fraco. Existe um leite em quantidade menor nos primeiros dias de vida. Portanto, não adianta nós, como mães, ficarmos contando a quantidade de leite. O importante é que o bebê esteja hidratado”.
Como eu sei se o leite é suficiente para o bebê?
Thaís Lima, Enfermeira: “É importante termos em mente que a mãe vai produzir de acordo com o tempo que o bebê passa na mama. Quanto mais esse bebê sugar, mais essa mulher vai produzir. Mas temos que levar em consideração que o bebê não vai para o peito apenas para se satisfazer, encher a barriga”.
Dra. Simone Ramos, Pediatra: “O bebê nesse primeiro mês precisa sugar muito, precisa ficar mais tempo com a mãe. Ele (...) precisa mandar mensagem para o cérebro dele, fazer conexão com a mãe dele, que irá gerar acolhimento, segurança e de ser cuidado. Portanto, o bebê precisa ficar perto.
Neste momento que ele nasceu, ele ainda não sabe separar o que é dele e o que é da mãe dele. Para saber se o leite está suficiente, tem que observar o bebê: ele deve estar feliz, se alimentando, fazendo xixi, com a temperatura normal. O mais importante é saber que ele precisa sugar mais vezes neste início de vida dele”.
Depressão pós-parto pode atrapalhar a produção do leite humano?
Gabriela Malzyner, Psicóloga: "Acho que é importante nós termos a dimensão de que o baby blues é um processo não patológico. A gente não está falando de adoecimento. A gente está falando de uma experiência emocional que acompanha a mãe nas primeiras semanas, depois que ela ganha um bebê”.
Como identificar o início da depressão pós-parto?
Gabriela Malzyner, Psicóloga: “A intensidade dos afetos e a durabilidade. Qual é o tempo e a intensidade desse desafeto? É normal essa mãe estar mais vulnerável. E essa vulnerabilidade emocional é importante para que ela receba essa criança, e encontre esse novo bebê que surge.
A mãe empresta seu corpo para encontrar esse bebê que ainda, neste momento, está fusionado com ela. Ter uma rede de apoio é fundamental na sustentação dessa mulher, assim como a mãe tem de ser capaz de sustentar esse bebê. Por sustentar, significa acolhê-la, escutá-la e direcioná-la a um especialista, quando se faz necessário”.
Existe alguma restrição alimentar durante a amamentação?
Ana Paula Sanches, Nutricionista: “As mães não devem fazer restrição alimentar pois, até hoje, não temos evidências científicas de alimentos que aumentem a produção ou que façam diminuir as cólicas. É importante que essa mãe tenha uma rede de apoio no momento da alimentação e acompanhamento de um profissional de saúde, que cuide dela. Muitas vezes, a mãe deixa de comer para fazer outras coisas para o bebê e se esquece”.
Quem pode doar leite humano?
Thaís Lima, Enfermeira: “É muito importante que a mulher tenha em mente que o fato de ela ser uma possível doadora não vai faltar (leite) para o bebê dela. Pois muitas pessoas acreditam que ‘se eu tirar meu leite, vai faltar para meu bebê’. Mas isso é um engano. A ideia é que mulheres saudáveis - e que não tenham problemas de saúde, como HIV, por exemplo - possam ser doadoras”.
“Para isso, elas precisam fazer o cadastro no banco de leite da cidade onde residem para receber uma série de orientações para que elas possam fazer o armazenamento seguro do leite”, completa a especialista.
Existe limite para dar colo para o bebê?
Gabriela Malzyner, Psicóloga: “Dar muito colo não gera ‘manha’ no bebê. Pense que ele estava num ambiente absolutamente seguro e satisfeito. A experiência intrauterina é da não-necessidade. Tudo isso está dado, está pronto. Portanto, quando o bebê nasce, ele precisa ter um bom encontro, um encontro satisfatório com essa mãe, ou que faça essa função materna. Colo não estraga o bebê. Dá a ele a sensação de aconchego, cuidado e segurança para essa criança”.
Remédio para amamentação: eles funcionam?
Dra. Simone Ramos, Pediatra: "A questão dos galactogogos é muito polêmica. A cada dia, ela vem se mostrando que são pouquíssimos os remédios que vão aumentar leite. Na verdade, hoje a gente diz que não há nenhuma medicação validada que aumenta o leite. Então, o que aumenta o leite?”
Thaís Lima, Enfermeira: "O bebê mamar, ter um processo de sucção efetivo com certeza vai ocasionar no aumento da produção”.
Ana Paula Sanches, Nutricionista: "Uma boa alimentação da mãe é essencial, além do desenvolvimento do paladar do bebê, que começa ainda na gestação”.
Lembre-se: as dicas não substituem uma consulta médica. Procure um profissional de saúde para orientações individualizadas.
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