Veja como ocorre a Regurgitação e Refluxo
Refluxo é a volta do conteúdo lácteo para o esôfago e pode vir acompanhado da regurgitação, que ocorre quando este conteúdo chega à boca e/ou vias aéreas e se torna visível, sendo muito comum em lactentes, principalmente no primeiro ano de vida. Este transtorno gastrointestinal atinge cerca de 67% dos lactentes aos 4 meses de idade, que costumam regurgitar entre 3 ou 4 vezes ao dia.
O gastroenterologista pediátrico, Dr. Mauro Sérgio Toporovski, explica que o refluxo ocorre porque o esfíncter esofágico inferior dos lactentes, que atua como um “portão” entre o estômago e esôfago, não está completamente formado. Por isso, com a distensão do fundo gástrico e relaxamento do esfíncter esofágico inferior, ocorre a volta do conteúdo lácteo do estômago.
O refluxo fisiológico é normal e não causa nenhum problema de saúde para a criança. Se o lactente começa a apresentar sinais de desconforto na hora de mamar, jogando o corpo para trás, chorando mais, mamando menos, é que devemos começar a prestar atenção. Neste caso, ele pode ter a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
A DRGE ocorre em um número pequeno de lactentes, em que o retorno do conteúdo gástrico causa sintomas prejudiciais ao bem-estar do bebê e/ou complicações clínicas, como desconforto e irritabilidade, recusa alimentar, déficit de ganho de peso, chiado e tosse, entre outros sintomas. Neste caso, o lactente deve ser consultado por um médico pediatra.
O Dr. Mauro explica que ao regurgitar, alguns bebês podem se engasgar um pouquinho. E algumas vezes, esse refluxo permanece mais tempo no esôfago do bebê, causando uma queimação que gera sintomas de dor. Nestes casos, o bebê pode estar saindo da situação do refluxo fisiológico e caminhando para uma doença do refluxo. Por isso é importante diferenciar a regurgitação sem desconforto dos sintomas da doença do refluxo gastroesofágico.
Assista ao vídeo para entender como a regurgitação ocorre:
Existem algumas recomendações que podem ajudar a evitar casos de refluxo:
- Na hora da mamada: o bebê deve ficar bem colado no peito da mãe, de forma a não deixá-lo engolir ar enquanto mama. Assim, este ar não interfere no processo digestivo dele, já que não criará mais gases no estômago.
- Após a mamada: recomenda-se deixar o bebê em posição ereta por vinte minutos para ajudar com o esvaziamento gástrico. A mãe também pode ficar semi sentada, com o bebê encostado no ombro, para gerar o mesmo efeito.
- Na hora de dormir: o bebê deve sempre dormir de barriga para cima e o pediatra pode sugerir uma pequena elevação da cabeceira do berço para auxiliar na redução da regurgitação.
A prevalência da regurgitação ao longo do primeiro ano de vida diminui com o tempo, afetando cerca de 21% dos lactentes aos 7 a 9 meses de idade e apenas 5% aos 10 a 12 meses de vida. Em quase todos os bebês com regurgitação, o distúrbio desaparece por volta dos dezoito meses de idade. Se não houver sinais de DRGE, pais e mães podem ficar tranquilos.
Porém, os pais devem procurar um médico pediatra quando houver sintomas mais graves, como casos de vômito de grande proporção ou presença de dor, choro prolongado e desconforto ao mamar. Com relação ao refluxo fisiológico, o diagnóstico é basicamente clínico e não há necessidade de realizar exames complementares. O mais importante é observar seu bebê todos os dias.
As dicas não substituem uma consulta médica. Não deixe de consultar o pediatra do seu filho para obter orientações individualizadas.
Agradecemos a colaboração do Dr. Mauro Toporovski nesta edição do "Pergunte ao Médico":
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