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Neuroatípico: o que é e quais são os sinais nas crianças

Entenda o que é neurodivergente, saiba como identificar os sinais de crianças neuroatípicas, como se comunicar melhor com elas e quais os transtornos associados

18mins para ler Abr 27, 2023

Neste artigo, vamos explicar tudo que você precisa saber sobre neuroatípicos, pessoas com funcionamento neurológico e psiquiátrico considerados pela sociedade como atípicos ou fora do comum.

Aqui, você vai encontrar as respostas para diversas perguntas, como: o que é uma pessoa neuroatípica, como saber se uma criança é neuroatípica e quais são os transtornos e síndromes são considerados neurodivergentes. 

Entrevistamos o neurologista infantil, Dr. Fábio Baiocco Nogueira, que contribuiu com esse artigo explicando sua definição de criança neuroatípica, falando também quais são os primeiros sinais que a criança neuroatípica apresenta e quais os caminhos para o tratamento, e aumento da qualidade de vida de crianças neurodivergentes.

Esperamos que este artigo ajude mamães e papais, típicos e atípicos. 

Boa leitura!

O que é um neuroatípico?

Neuroatípico ou neuroatípica é a pessoa que tem desenvolvimento cognitivo ou neurológico diferente do que se considera “padrão”, ou seja, apenas não é igual ao da maioria das pessoas. Normalmente, é utilizado por pessoas que têm alguma condição de saúde mental que interfere no funcionamento do cérebro, afetando também o desenvolvimento na maioria dos casos. 

O termo neuroatípico vem da união de neuro + atípico e, embora não seja um termo oficial, é muito usado, inclusive por alguns médicos.

A popularização do termo neuroatípico pode ter vindo pelo aumento da conscientização e da aceitação da grande diversidade neurológica que existe, principalmente nas últimas décadas. Atualmente, existem mais estudos e mais informações e acesso sobre transtornos neurológicos e muitos mitos foram quebrados sobre a neurodiversidade.

Mas, e quanto às crianças neuroatípicas, quem são? O neurologista infantil, Dr. Fábio Nogueira, define:

“Uma criança neuroatípica é aquela que apresenta diferenças em seu desenvolvimento neurológico em relação à maioria das outras crianças." 

"Isso pode incluir condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno de Tourette, Transtorno de Ansiedade Social, entre outras.”

Estas condições e seus sintomas podem, muitas vezes, fazer com que o dia a dia da criança, seus comportamentos e forma de interagir com o mundo, sejam diferentes do que se costuma ver em crianças neurotípicas. Dr. Fábio explica:

“Essas diferenças podem afetar a maneira como a criança processa informações sensoriais, interage com outras pessoas, aprende e se comporta. Por exemplo, uma criança com TEA pode ter dificuldades em compreender as emoções e as intenções de outras pessoas, e pode preferir rotinas e padrões repetitivos."

"Já uma criança com TDAH pode ter problemas com a atenção e o controle dos impulsos, e pode ser muito agitada.”

O que são pessoas neuroatípicas e neurodivergentes?

Pessoas neurotípicas, ou neurologicamente típicas, são indivíduos que não apresentam alterações no seu desenvolvimento neurológico, comportamental ou psiquiátrico. Ou seja, são pessoas que não têm nenhum tipo de neurodivergência.

Neurodivergentes são pessoas que possuem uma condição neurológica que afeta seu funcionamento cognitivo, comportamental ou emocional de uma forma diferente do que é considerado neurotípico ou normal pela sociedade.

Crianças neuroatípicas são neurodivergentes, porque apresentam alguma condição neurológica ou psiquiátrica que a maioria das outras crianças não tem, como TEA, TDAH, TAG, TAB, entre outros.

Quais os sinais de uma criança neuroatípica?

É possível ter um diagnóstico cedo e, para isso, é preciso que mamães e papais observem se o bebê ou a criança apresenta algum dos sintomas. Com o diagnóstico, é possível dar início aos acompanhamentos e tratamentos necessários, a fim de garantir qualidade de vida para a criança.

Dr. Fábio enfatiza que “é importante lembrar que cada criança neuroatípica é única e pode apresentar uma combinação diferente de características e desafios. Além disso, a intensidade e a gravidade dos sintomas podem variar de criança para criança.”

O neurologista completa explicando mais sobre alguns sinais levados em consideração pelos médicos no momento de analisar a possibilidade da criança ser neurodivergente: 

Os sinais de alerta para uma criança ser considerada neuroatípica podem variar dependendo do tipo de transtorno neurológico envolvido. No entanto, alguns sinais comuns podem incluir:

  • Dificuldades de comunicação, como atraso na fala, falta de resposta ao nome, problemas para entender conversas ou expressar ideias;
  • Dificuldades sociais, como evitar contato visual, não responder a sorrisos ou outras expressões faciais, não brincar com outras crianças ou não compreender as regras sociais;
  • Comportamentos repetitivos, como balançar o corpo, girar objetos, alinhar brinquedos ou insistir em rotinas específicas;
  • Sensibilidades sensoriais, como não tolerar certos sons, texturas ou luzes, ou ter reações extremas a estímulos sensoriais;
  • Problemas de atenção, como dificuldade em se concentrar, esquecer tarefas ou distrair-se facilmente;
  • Comportamentos hiperativos e impulsivos, como agitação excessiva, movimentos incessantes ou falar excessivamente.

Se um ou mais destes sinais estiverem presentes, é importante que os pais ou cuidadores procurem a avaliação de um profissional qualificado (especialista), como um pediatra ou um neurologista infantil. 

"Quando identificado um tipo específico de transtorno neurobiológico envolvido, quanto mais cedo a intervenção for iniciada, melhor será o resultado para a criança.”

O bebê neuroatípico

Quando falamos de um bebê neuroatípico, os sintomas são especialmente notados por meio de dificuldades de socialização e atraso na aprendizagem.

O tempo para começar a responder ao nome, rolar, engatinhar, caminhar, falar, pode variar muito de criança para criança. É importante observar e fazer sempre o acompanhamento médico, e respeitar o tempo do bebê.

Mas se a mamãe, o papai ou os cuidadores perceberem atrasos no desenvolvimento do bebê e o pediatra considerar que o atraso está maior que o esperado, é recomendado consultar com um especialista, seja pediatra ou neurologista infantil.

Neurodivergente x Neuroatípico x Neurodiverso

Todos nós fazemos parte da neurodiversidade. O termo diversidade significa: algo que não é parecido, não é igual.

Neurodiverso e neurodiversidade representam as diferentes características que cada um de nós tem em nossas formas de compreender, ver e interagir com o mundo, de desenvolver nossa cognição e sentir os estímulos ou sentimentos. É uma variação biológica infinita e nenhuma pessoa da nossa espécie é totalmente igual ou se desenvolve da mesma forma. 

Para explicar melhor, separamos definições resumidas dos termos neuroatípicos com exemplos:

Minidicionário da neurodiversidade

  • Neurodiversidade - termo que representa a infinita possibilidade de diferenças neurológicas existentes. Também utilizado para lembrar que cada pessoa é única. Exemplo: é preciso conscientizar sobre a neurodiversidade nas escolas.
  • Neurodiverso - representa o mesmo que a neurodiversidade. Exemplo: somos uma espécie neurodiversa.
  • Neurodivergente - é a pessoa que apresenta funcionamento e comportamentos neurocognitivos diferentes do que a sociedade acredita serem típicos. Podemos usar o termo também para transtornos que podem se apresentar de diferentes formas em cada pessoa. Exemplo: minha filha tem bipolaridade, que é considerado um transtorno neurodivergente.
  • Neuroatípico - termo que representa a pessoa que tem seu desenvolvimento neuropsiquiátrico diferente do considerado comum pela sociedade. Exemplo: eu sou um papai neuroatípico, porque eu tenho TDAH.
  • Neurotípico - são as pessoas cujo desenvolvimento neurológico se dá conforme o que é típico (comum) para a sociedade. Para a Medicina, são as pessoas sem transtornos neurológicos ou neuropsiquiátricos. Exemplo: é importante que as pessoas neurotípicas também entendam sobre transtornos neurológicos.

Vale ressaltar que os termos acima são recentes e não são termos técnicos. Estão sendo aderidos aos poucos pelos pela comunidade médica e científica, por terem sido criados e serem muito utilizados pelas próprias pessoas neuroatípicas, familiares e apoiadores da causa.

Quais as dificuldades que autistas podem ter em se comunicar com neurotípicos?

Bem, até aqui já é possível saber que nenhuma pessoa se desenvolve e interage com o mundo da mesma maneira. Este é o primeiro passo para entender algumas dificuldades que os neuroatípicos podem vir a ter para se expressarem.

Quando falamos especialmente de autistas, sabemos que a variedade de níveis e formas de apresentação do transtorno é bem grande. Então, não existe uma regra para todos os portadores de TEA. Cada interação será diferente. 

Porém, uma das características mais recorrentes em autistas é a dificuldade na comunicação com pessoas neurotípicas e vice-versa. Mas por quê?

É preciso seguir o seguinte raciocínio: lembre-se de que estamos falando de uma pessoa atípica. Ou seja, com comportamentos e funções neuropsiquiátricas diferentes da maioria das pessoas típicas. 

Estes são alguns obstáculos que o autista pode vir a ter: 

  • Dificuldade em olhar nos olhos;
  • Dificuldade em reconhecer expressões faciais e tom de voz;
  • Dificuldade em entender metáforas e figuras de linguagem;
  • Medo de ofender a outra pessoa com a sua fala;
  • Dificuldade em falar sobre assuntos que não são do seu interesse;
  • Hiperfoco: medo de falar sobre o mesmo assunto por muito tempo;
  • Hipersensibilidade a sons, luzes, texturas, cheiros;
  • Dificuldade com a linguagem verbal;
  • Dificuldade em perceber perigos e comportamentos de risco.

Se a pessoa autista demonstrar ter uma ou mais características como estas, pode ser desafiador para ela manter a comunicação.

Como melhorar a comunicação entre autistas e neurotípicos?

Algumas pessoas neurotípicas podem sentir desconforto ou ter dificuldade em conversar com autistas. Às vezes, não sabe como agir, o que fazer ou tem medo de fazer algo errado que pode magoar a pessoa autista. 

Na nossa cultura e na nossa sociedade, existe a tendência de criar estereótipos que quase sempre não são uma regra. E assim é com o autismo. Mas não se preocupe! Vamos te contar como é possível melhorar a comunicação entre neurotípicos e autistas.

  • Quando você for falar com a pessoa, mantenha sua cabeça na altura da cabeça dela. Peça que ela olhe em seus olhos, para que ela seja estimulada a fazer contato visual e a identificar as suas expressões faciais e linguagem corporal, enquanto você fala.
  • Pergunte. Não tenha medo de falar abertamente que não sabe se a pessoa gosta de conversar ou não, se ela permite ser abraçada ou não, ou se algo que você fez incomodou. Esta também é uma forma válida de aprender.
  • Incentive que o autista faça qualquer pergunta a seu respeito, assim, o aprendizado passa a ser para as duas pessoas. Diga a ele, de forma clara, que ele não precisa ter medo de falar ou fazer algo de errado, e que se tiver dúvidas, pode perguntar. Lembre-se que relações e laços também são aprendidos.
  • Evite metáforas, expressões e palavras com duplo sentido. Ao invés de dizer: “Você está gato!” Diga: “Você está lindo!” Muitos autistas tendem a fazer interpretações de forma literal. Então, se você diz que “você está gato”, ele pode não entender que a sua intenção é elogiar a beleza dele, e dificulta a comunicação. 
  • Caso a pessoa neuroatípica não demonstre interesse ou aparente desdém sobre um assunto que você está falando, tente trocar de assunto para manter a comunicação. Não se ofenda, ela pode ter dificuldades em demonstrar interesse ou conversar sobre determinados assuntos.
  • Para conversas eficientes com autistas, evite lugares com muitos barulhos, luzes que oscilam ou são muito fortes. A hipersensibilidade aos estímulos do ambiente é um sintoma muito comum em neuroatípicos.
  • Muitos neuroatípicos são Autistas Não Verbais. Mas isso não quer dizer que não se comuniquem. Podem se comunicar por meio da escrita, de músicas, até mesmo por celulares e outros dispositivos. Incentive usando a linguagem que ele se sente mais confortável, mas não abra mão de continuar verbalizando, se esta for a sua linguagem principal.
  • Por pressões sociais, existem muitos neuroatípicos que praticam o chamado masking, ato em que mascaram os comportamentos. É muito importante que as pessoas típicas deixem claro que o autista não precisa mascarar estes comportamentos, uma vez que fazem parte da sua forma de comunicação, e devem ser aceitos sempre. O masking pode trazer muito sofrimento e grandes prejuízos para a saúde mental, principalmente em crianças, adolescentes e jovens adultos.
  • Caso perceba que a pessoa com autismo está em uma situação de perigo ou está apresentando comportamentos de risco, alerte ela de forma clara e calma. Muitos autistas têm dificuldade em diferenciar situações seguras de situações como estas.

Comunicação da criança autista e os neurotípicos

Comunicação da criança autista e os neuroatípicos

Separamos algumas dicas que mamães, papais e cuidadores típicos poderão usar com os bebês e as crianças.

  • Sempre converse com a criança “de igual para igual”, ou seja, com os seus olhos na mesma altura dos olhos dela. Isso estimula o contato visual e ajuda a direcionar a atenção dela apenas para você.
  • Atente-se à hipersensibilidade da criança. Às vezes, um som mínimo ou uma pequena luz piscante pode ser um grande problema para o autista, inclusive desencadeando crises. Mesmo que a hipersensibilidade não seja tão grave, ela dificilmente conseguirá prestar atenção ao que você fala com outros estímulos ao redor.
  • Para muitas crianças autistas, a hipersensibilidade pode ser também com o contato físico. Abraçar, beijar, pegar no cabelo ou em qualquer outra parte do corpo pode ser muito desconfortável para elas. Mamães e papais também devem perguntar sempre antes se podem fazer algum contato físico, e orientar outros adultos e crianças que também perguntem. 
  • Fale o que você sente, explique os seus sentimentos e porque está sentindo isso. A maioria dos portadores de TEA tem dificuldade em reconhecer e nomear sentimentos, e alguns reagem de forma atípica aos acontecimentos. Ensine expressões faciais, no espelho, de sentimentos básicos, como medo, alegria, tristeza, raiva, para que ela possa aprender, saber identificar em si mesma os sentimentos. Conversar sobre isto também gera conexão e melhora a comunicação. Ex: “Hoje faz sol. Sol faz mamãe feliz. Mamãe sorri porque está feliz.”
  • Estimule a criança nos ambientes sociais. Dê preferência por momentos que ela esteja tranquila. Não é recomendado pedir que ela interaja com alguém quando ela está, por exemplo, distraída ou com hiperfoco em alguma atividade.
  • Quando a criança estiver em estereotipia, significa que, de alguma forma, ela está tentando “liberar” alguma sensação que não é muito boa para ela. Fique no mesmo ambiente que ela, a mais ou menos 1 metro de distância. Observe o ritmo dos movimentos dela e crie a sua própria estereotipia, sem imitar, com o mesmo ritmo. Mesmo que ela não olhe diretamente, ela sabe que você está ali, e se sentirá mais acolhida. Quando ela permitir, se aproxime, e continue seguindo os passos dela, para demonstrar que você está ali para apoiá-la. Repita durante outros dias. Esta é uma ótima forma de ajudar na comunicação. 

Dicas de comunicação para criança autista não verbal: 

  • Use cartões com desenhos e palavras para se comunicar;
  • É possível usar músicas e vídeos também. Caso ela tenha sensibilidade auditiva, mostre vídeos sem o áudio;
  • Faça perguntas claras que tenham respostas objetivas. Ex.: “Você quer maçã? Responda com a cabeça: sim ou não.”;
  • Opte por frases curtas e mais literais possíveis. Ex.: Pegar mochila, Ana;
  • Não deixe de falar com a criança, mesmo que ela não responda verbalmente. Ver a mamãe e o papai falando é um grande estímulo. 

Além das dicas que trouxemos, o Dr. Fábioio esclarece a importância da rede de apoio e da inclusão de neurodivergentes e neuroatípicos na sociedade.

“É fundamental que as crianças neuroatípicas recebam o apoio e os recursos necessários para ajudá-las a enfrentar os desafios e a aproveitar ao máximo suas habilidades e potenciais únicos. 

Isso pode incluir terapia ocupacional, terapia da fala, terapia comportamental, medicação, suporte educacional especializado e muito mais. 

O mais importante é que as crianças neuroatípicas sejam valorizadas e incluídas na sociedade, de forma a permitir que elas tenham uma vida plena e significativa.” 

Quais tratamentos para a criança neuroatípica?

Uma das perguntas mais recorrentes de mamães e papais de crianças atípicas é a respeito do tratamento. Trouxemos a palavra do especialista, Dr. Fábio:

“Os caminhos de tratamento para uma criança neuroatípica dependem do tipo de transtorno neurológico envolvido e das necessidades específicas da criança. No entanto, alguns dos caminhos de tratamento mais comuns incluem:

  • Intervenção precoce: quanto mais cedo o tratamento começar, melhores serão as chances de sucesso. A intervenção precoce pode incluir terapia comportamental, terapia ocupacional, fonoaudiologia e outras formas de terapia;
  • Terapia comportamental: a terapia comportamental pode ajudar a criança a aprender habilidades sociais, a lidar com emoções, a reduzir comportamentos problemáticos e a desenvolver habilidades de comunicação;
  • Terapia ocupacional: a terapia ocupacional pode ajudar a criança a desenvolver habilidades motoras, a melhorar a coordenação, a aumentar a independência e a desenvolver habilidades para a vida diária;
  • Fonoaudiologia: a fonoaudiologia pode ajudar a criança a desenvolver habilidades de comunicação, a melhorar a fala, a linguagem e a compreensão;
  • Medicamentos: em alguns casos, o médico pode prescrever medicamentos para ajudar a gerenciar sintomas como hiperatividade, impulsividade, ansiedade ou agressão.
  • Apoio escolar: as escolas podem fornecer apoio adicional, como salas de aula especiais, terapia ocupacional ou fonoaudiologia, recursos educacionais adicionais e adaptações para acomodar as necessidades da criança;
  • Apoio familiar: a família pode receber treinamento para ajudar a gerenciar o comportamento da criança em casa, a lidar com o estresse e a se comunicar de maneira mais eficaz com a criança.

É importante lembrar que o tratamento deve ser adaptado às necessidades específicas da criança e pode exigir uma abordagem multidisciplinar envolvendo diferentes profissionais de saúde e educação. Com o tratamento adequado e o apoio contínuo, as crianças neuroatípicas podem atingir seu potencial máximo e ter uma vida feliz e saudável.”

Dica: Use materiais e técnicas alternativas: colagem com revistas, encartes de supermercados, embalagens de produtos, papéis de presente, pintura com lápis de cor, hidrocor, tinta guache e aquarela, argila e outros materiais seguros para crianças.

Para crianças na primeira infância ou em idade escolar, esta é uma forma de se expressar em que a criança autista pode experimentar sensações diferentes: cheiros, texturas, temperaturas, e entender o que gosta e o que não gosta.

Perguntas frequentes sobre neurodiversidade

Quem tem TDAH é Neuroatípico?

Segundo o Dr. Fábio, “sim, portadores do TDAH são considerados neuroatípicos". O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurológico que afeta a atenção, a impulsividade e a hiperatividade. 

As crianças com TDAH podem ter dificuldades em se concentrar em uma tarefa, seguir instruções e controlar seus impulsos”.

Quem tem ansiedade é Neuroatípico?

É preciso entender qual a diferença de ansiedade para transtorno de ansiedade.

A ansiedade pode ser sentida por qualquer pessoa. É uma forma que o cérebro encontra para reagir diante de alguma situação que cause desconforto, dúvida, medo ou até expectativa. Neste caso, uma pessoa que costuma sentir ansiedade de forma isolada, apenas como uma resposta a um estímulo do ambiente, pode não ser neuroatípico.

A pessoa que sofre com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), e que tem este diagnóstico emitido por um médico especialista, pode ser considerada neuroatípica.

Existem outros diagnósticos de ansiedade que também são considerados neurodivergentes:

  • Transtorno de Pânico;
  • Agorafobia;
  • Transtorno de Ansiedade Social ou fobia social;
  • Outras fobias específicas.

Quem tem depressão é neuroatípico?

Da mesma forma que a ansiedade, o que chamamos de depressão pode ser um sintoma ou um transtorno. 

A depressão como sintoma pode vir de um acontecimento ruim, de causas ambientais ou até mesmo de deficiências vitamínicas, de algo fisiológico. Uma pessoa que se sente deprimida ou está em depressão, não necessariamente possui diagnóstico de algum transtorno depressivo.

Alguns dos transtornos depressivos são: 

  • Transtorno depressivo maior (depressão maior);
  • Transtorno depressivo persistente (distimia);
  • Transtorno depressivo específico ou inespecífico;
  • Transtorno disfórico pré-menstrual;
  • Transtorno depressivo decorrente de outra condição médica;
  • Transtorno depressivo induzido por substância/medicação.

Então, a pessoa que possui o diagnóstico de algum transtorno depressivo é considerada uma pessoa neurodivergente. Isso porque a sua condição neuropsicológica é diferente do que é tido como predominante pela sociedade.

E quem tem bipolaridade, é considerado neuroatípico?

Sobre o Transtorno Afetivo Bipolar, Dr. Fábio esclarece de forma muito educativa, enfatizando quais termos poderiam ser utilizados para portadores de TAB.

“Quem tem bipolaridade é considerado, sim, neuroatípico, pois o conceito engloba todo transtorno neuropsíquico. Porém, atualmente existe uma tendência ao uso de um outro termo, chamado de neurodivergente. Esse termo remete às formas/ maneiras variadas que alguns dos transtornos neuropsíquicos podem se apresentar. “

Como entendemos antes, o termo “neurodivergente” pode se referir a diferentes formas de apresentação de um transtorno, síndrome ou alteração neuropsiquiátrica, que tenha diferentes impactos nas pessoas que possuem a mesma condição. 

O neurologista complementa: “No caso do transtorno afetivo bipolar se levaria ao fato das variações encontradas entre a mania e a depressão. No "espectro autista" remeteria à variação de habilidades e desafios que uma pessoa com transtorno do espectro autista pode apresentar.”

Como saber se sou neuroatípico ou neurodivergente?

Foto de mãe segurando filho no colo

Existem vários sinais que indicam que uma pessoa pode ser neuroatípica. 

Diversas condições são reconhecidas como neurodivergentes, e podem estar relacionadas com um ou mais fatores, como o humor, o desenvolvimento da linguagem, as sensações, o desenvolvimento de coordenação motora ou até o sono.

Esta é uma lista de diagnósticos neuroatípicos mais conhecidos:

  • TEA - Transtorno do Espectro Autista (Autismo);
  • TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade;
  • Síndrome de Asperger;
  • Síndrome de Tourette;
  • Síndrome de Rett;
  • Dislexia;
  • Dispraxia;
  • Epilepsia;
  • TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG);
  • TAB - Transtorno Bipolar; 
  • Esquizofrenia.

É possível saber que você é neuroatípico, sabendo do seu histórico médico, e se já existe algum diagnóstico de alguma condição que seja considerada neurodivergente. 

Mas lembre-se: apenas um médico pode fornecer os dados necessários para diagnosticar uma pessoa. Não é recomendado o autodiagnóstico. O ideal é consultar um especialista. 

Conclusão

É possível concluir que o essencial é entender que cada criança é única, independente de seus diagnósticos. Cada pessoa e cada criança pode ver o mundo de forma diferente, sentir de forma diferente, reagir de forma diferente e ter hábitos e costumes também diferentes. 

Sabendo isso, fica muito mais fácil de compreender que, embora precisem de orientações de especialistas, existem outras condições que também exigem atendimentos com especialistas e cuidados com hábitos e rotinas.

Uma pessoa que tem alguma doença cardíaca precisa de cuidados com a alimentação, exames, consultas com cardiologista, entre outros cuidados específicos, incluindo muitas vezes mudanças nos hábitos e rotinas.

O mesmo acontece para os neuroatípicos. Eles precisarão de maior atenção em seu desenvolvimento cognitivo, desenvolvimento social, e para lidar com eventuais crises.

Para aumentar a qualidade de vida da pessoa neuroatípica, é recomendado acompanhamento médico multidisciplinar, com neurologista, psicólogo, nutricionista, psiquiatra e fonoaudiólogo, preferencialmente especializados na idade atual da pessoa.

É muito importante que a rede de apoio esteja sempre presente para os neurodivergentes e neuroatípicos, e que a família receba as orientações adequadas sobre as possíveis dificuldades que possam vir a enfrentar na sociedade. 

Destacamos também a importância de conversar com todas as pessoas e em todos os ambientes sobre a neurodiversidade, afinal, não existem duas mentes iguais em nosso universo. Todos nós somos neurodiversos!

Lembre-se: este é um artigo informativo, e apesar de termos entrevistado um especialista, este texto não substitui uma consulta médica. Cada caso deve ser tratado individualmente.

Dr. Fábio Baiocco Nogueira

Dr. Fábio Baiocco Nogueira

Médico Pediatra e Neurologista Infantil

  • Médico Pediatra e Neurologista Infantil;
  • Estudioso do neurodesenvolvimento e comportamento infantil;
  • Distribui conteúdos e aulas gratuitas para milhares de famílias todos os dias.

Perfil no Instagram: www.instagram.com/fabiobaiocco.neuropediatra

Referências

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