
Hérnia diafragmática em bebês e crianças: o que é e como é diagnosticada?
Conheça a hérnia diafragmática em bebês e crianças, uma condição onde órgãos abdominais se deslocam para a cavidade torácica devido a uma abertura anormal no diafragma.
Sabemos que a saúde dos nossos pequenos é sempre uma prioridade. Por isso, preparamos um conteúdo super importante e esclarecedor sobre um tema que pode gerar muitas dúvidas e preocupações: a hérnia diafragmática.
Já ouviram falar nessa condição? A hérnia diafragmática acontece quando órgãos do abdômen, como o intestino, acabam "subindo" para o tórax do bebê ou da criança por causa de um "buraco" no diafragma, aquele músculo que separa o peito da barriga.
Neste artigo, vamos abordar os tipos de hérnia diafragmática (congênita e adquirida), os sintomas que você precisa ficar de olho, como dificuldade para respirar e abdômen retraído, as causas, como é feito o diagnóstico e, principalmente, como é o tratamento, que geralmente envolve cirurgia.
Vamos falar também sobre a importância de descobrir a hérnia diafragmática o quanto antes, principalmente nos recém-nascidos, e os cuidados que o seu filho(a) vai precisar antes e depois da cirurgia, como suporte respiratório e alimentação especial.
Boa leitura!
O que é hérnia diafragmática em bebês e crianças?
A hérnia diafragmática é uma condição médica que pode afetar bebês e crianças, e é importante entender o que ela é e como pode impactar a saúde dos nossos pequenos.
Essa condição ocorre quando há uma abertura anormal no diafragma, que é o músculo que separa a cavidade torácica (onde ficam os pulmões) da cavidade abdominal (onde ficam os órgãos do estômago, intestino, etc.).
Essa abertura permite que órgãos abdominais, como o estômago e o intestino, se desloquem para dentro do tórax, o que pode causar problemas graves, especialmente na respiração.
Tipos de hérnia diafragmática
É importante entender que existem dois tipos principais de hérnia diafragmática: congênita e adquirida. Vamos entender cada uma delas de forma simples:
Hérnia Diafragmática Congênita (HDC): Essa ocorre durante o desenvolvimento fetal, quando o diafragma não se fecha corretamente. Existem alguns subtipos importantes:
- Hérnia de Bochdalek: É o tipo mais comum, representando cerca de 85% a 90% dos casos. A abertura está na parte posterior e lateral do diafragma, geralmente no lado esquerdo. Pode causar problemas graves nos pulmões, como hipoplasia pulmonar, e aumentar o risco de hipertensão pulmonar ou insuficiência cardíaca.
- Hérnia de Morgagni: É menos comum, ocorrendo na parte frontal do diafragma, geralmente no lado direito. Ela representa apenas cerca de 1% a 2% dos casos e tende a ter menos impacto no desenvolvimento dos pulmões.
- Hérnia do Hiato Esofágico: Embora não seja tão comum em bebês, ocorre quando o hiato esofágico se alarga demais, permitindo que o estômago entre na cavidade torácica.
Hérnia Diafragmática Adquirida (ou Traumática): Esse tipo ocorre ao longo da vida, geralmente devido a lesões ou traumas que rompem o diafragma, ou como complicação de cirurgias ou infecções no tórax. É menos comum em bebês e crianças.
Quais são os sintomas de uma hérnia diafragmática?
A hérnia diafragmática pode causar sintomas graves em bebês e crianças, sendo os mais comuns:
Dificuldade para respirar: É um dos sintomas mais comuns e pode ser grave logo após o nascimento. Isso ocorre porque os órgãos abdominais comprimem os pulmões, dificultando a respiração.
Cianose: A pele, unhas e lábios podem ficar azulados devido à falta de oxigênio no sangue.
Abdômen retraído: O abdômen pode parecer "afundado" ou "vazio" porque os órgãos estão no tórax.
Ruídos intestinais no tórax: Sons incomuns podem ser ouvidos no peito, onde normalmente não deveriam estar presentes.
Respiração rápida (taquipneia): O bebê pode respirar mais rápido do que o normal.
Batimentos cardíacos acelerados (taquicardia): O coração pode bater mais rápido devido ao estresse causado pela falta de oxigênio.
Em alguns casos, os sintomas podem aparecer mais tarde, geralmente após alguns meses de vida. Isso pode incluir:
Obstrução intestinal: Dificuldade para evacuar, inchaço na barriga ou dor abdominal intensa.
Pneumonias de repetição: Infecções pulmonares frequentes podem ocorrer devido à compressão dos pulmões.
Perfuração de víscera oca: Principalmente do estômago, o que pode ser uma emergência médica.
O que pode causar hérnia diafragmática?
Como estamos vendo, a hérnia diafragmática em bebês e crianças é uma condição que ocorre principalmente devido a uma má formação do diafragma durante o desenvolvimento fetal.
No caso da Hérnia Diafragmática Congênita, ela ocorre quando o diafragma não fecha corretamente durante a gestação. As causas exatas da HDC ainda não são totalmente conhecidas, mas estudos sugerem que distúrbios genéticos ou cromossômicos podem estar envolvidos em cerca de 10% a 15% dos casos. Além disso, condições como a Síndrome de Pallister-Killian também podem estar relacionadas.
Já no caso da Hérnia Diafragmática Adquirida, menos comum em bebês e crianças, as causas estão associadas a lesões traumáticas, como acidentes, ou complicações de cirurgias ou infecções no tórax.
Em alguns casos, a hérnia diafragmática pode estar associada a outras malformações, como problemas cardíacos, renais ou distúrbios cromossômicos. Essas condições podem aumentar a complexidade do tratamento e do cuidado com o bebê ou criança.
Métodos de diagnóstico

O diagnóstico da hérnia diafragmática pode ser feito em diferentes momentos. Durante a gestação, a ultrassonografia morfológica pode detectar a hérnia diafragmática congênita, geralmente entre a 11ª e a 14ª semana. Em alguns casos, a ressonância magnética fetal também pode ser usada para obter mais detalhes.
Após o nascimento, o diagnóstico é feito por meio de exames físicos e radiografias de tórax, que mostram órgãos abdominais no tórax. Em casos mais complexos, podem ser necessários exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce da hérnia diafragmática é fundamental para garantir o melhor resultado possível no tratamento.
O diagnóstico precoce permite que os médicos planejem o tratamento com antecedência, o que inclui a escolha do melhor momento para a cirurgia e a preparação dos cuidados necessários após a operação.
Dessa forma, identificar a hérnia diafragmática cedo ajuda a evitar complicações graves, como problemas respiratórios severos ou até mesmo a morte. Isso é especialmente importante em casos de hérnia congênita, onde o diagnóstico pré-natal pode ser feito por ultrassonografia.
Saber que o bebê tem hérnia diafragmática permite que o parto seja realizado em um hospital com recursos adequados para o tratamento imediato do recém-nascido, como ventilação mecânica e suporte nutricional especializado.
Além disso, durante a gestação, o diagnóstico precoce permite um acompanhamento mais detalhado do desenvolvimento fetal, o que pode incluir intervenções pré-natais se necessário.
Como tratar a hérnia diafragmática?
O tratamento da hérnia diafragmática em bebês e crianças geralmente envolve um processo cirúrgico para corrigir a abertura anormal no diafragma e reposicionar os órgãos deslocados.
O objetivo principal é fechar a abertura no diafragma e devolver os órgãos para a cavidade abdominal. Isso ajuda a aliviar a pressão sobre os pulmões e melhorar a respiração. Existem diferentes abordagens cirúrgicas:
Cirurgia Aberta: Usada em casos mais graves, envolve uma incisão maior no tórax ou abdômen.
Cirurgia Minimamente Invasiva: Utiliza técnicas como videolaparoscopia ou videotoracoscopia, que permitem pequenas incisões e menos cicatrizes.
Cirurgia Robótica: Oferece uma visão 3D e maior precisão, sendo controlada por um robô.
Cuidados pré e pós-operatórios
Antes da cirurgia, é importante que o bebê esteja estável em termos respiratórios e hemodinâmicos. Isso pode incluir o uso de ventilação mecânica e suporte nutricional adequado.
Em casos de hérnia diafragmática congênita, deve-se evitar a ventilação com balão e máscara, pois isso pode piorar o comprometimento respiratório ao inflar os órgãos deslocados no tórax. Uma sonda nasogástrica de lúmen duplo pode ser usada para evitar que o ar deglutido cause compressão pulmonar adicional.
Após a cirurgia, o suporte respiratório é crucial. Isso pode incluir ventilação mecânica ajustada para manter a oxigenação adequada e evitar complicações pulmonares. Além disso, a pressão arterial e outros parâmetros hemodinâmicos devem ser monitorados de perto para garantir que o bebê esteja estável.
A alimentação enteral ou parenteral também é ajustada conforme a necessidade do bebê, visando garantir a nutrição adequada durante a recuperação. É importante que o bebê descanse bastante após a cirurgia e evite esforços físicos intensos para permitir uma recuperação tranquila.
Seguir as orientações médicas sobre o cuidado com o curativo é essencial para evitar infecções e promover a cicatrização adequada.
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Conclusão
Neste texto, conhecemos mais sobre a hérnia diafragmática em bebês e crianças, uma condição complexa que requer atenção especializada desde o diagnóstico até o tratamento.
Compreender os tipos de hérnia, como a congênita e a adquirida, é essencial para identificar os sintomas e causas. A hérnia diafragmática congênita, em particular, é uma condição rara que afeta cerca de 1 em cada 4.000 nascidos vivos e pode ser diagnosticada durante a gestação por meio de ultrassonografia.
O diagnóstico precoce é crucial para planejar o tratamento e evitar complicações graves, como problemas respiratórios severos e hipertensão pulmonar. A cirurgia é o tratamento principal, visando reparar o diafragma e reposicionar os órgãos deslocados. Os cuidados pré e pós-operatórios são fundamentais para garantir uma recuperação segura, incluindo suporte respiratório e nutricional adequados.
A importância do diagnóstico precoce não pode ser subestimada, pois permite que os pais estejam preparados para o que pode acontecer após o nascimento e que o bebê receba os cuidados necessários em um hospital equipado para lidar com essa condição. Com o avanço da medicina fetal, o tratamento da hérnia diafragmática tem se tornado mais eficaz, melhorando as chances de sobrevida e qualidade de vida para os bebês afetados.
As dicas não substituem uma consulta médica. Procure um profissional de saúde especializado para receber orientações individualizadas.