Uma criança com aspecto de frustração, sentada em uma mesa com um caderno em sua frente, com a mão na cabeça e os olhos fechados, ao lado de uma mulher

Dislexia em crianças: causas e sintomas!

Pré-Escola e Escola
Artigo
Fev 11, 2025
10mins

Saiba mais sobre a dislexia em crianças e como ela afeta o desempenho escolar, conhecendo também as suas principais causas e sintomas!

A dislexia é um assunto que merece muita atenção, especialmente quando falamos sobre crianças e seu desempenho escolar. Você sabia que essa condição, que afeta a forma como uma pessoa lê e escreve, pode ser um desafio significativo para os pequenos?

Mas calma, não estamos aqui apenas para falar sobre as dificuldades! Vamos explorar também as causas, os sintomas e, claro, como podemos ajudar as crianças a superarem esses obstáculos.

Neste texto, vamos entender melhor o que é a dislexia, como ela se manifesta e de que forma isso pode impactar a vida escolar das crianças. Além disso, vamos discutir algumas estratégias e recursos que podem fazer toda a diferença na hora de apoiar os pequenos nessa jornada.

Ao longo do texto, vamos trazer também as considerações do Neuropediatra Dr. Marcio Moacyr Vasconcelos sobre a dislexia, para complementar as informações que estamos compartilhando.

Afinal, conhecimento é poder, e quanto mais soubermos sobre a dislexia, melhor poderemos ajudar aqueles que enfrentam esse desafio.

Boa leitura!

O que é a dislexia infantil?

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem que afeta principalmente a leitura e a escrita. Ela acontece devido a uma diferença no funcionamento do cérebro, que dificulta a forma como as crianças processam letras e palavras.

É importante destacar que a dislexia não tem nada a ver com inteligência — muitas crianças disléxicas são super inteligentes e criativas! A questão é que elas enfrentam desafios específicos quando se trata de decifrar os códigos da escrita.

“A dislexia é um problema do desenvolvimento neurológico que prejudica a capacidade de aprender a ler, mas pode afetar outras habilidades linguísticas, como escrever, soletrar, pronunciar palavras e recuperar palavras da memória rapidamente”, explicou o Dr. Marcio.

Como a dislexia afeta as crianças?

Entre os impactos sofridos pelas crianças em decorrência da dislexia, o Dr. Marcio continua sua explicação, apontando que as crianças com dislexia podem ou não começar a falar tarde. A alfabetização é lenta e incompleta. As crianças podem confundir os nomes das letras e dos números, e podem ter dificuldade na compreensão do texto.

Ainda que a alfabetização seja concluída, a criança persiste na leitura silabada ou a sua leitura é muito lenta em comparação com seus pares. Como a leitura se torna cada vez mais importante ao longo da escolarização, as crianças afetadas sofrem prejuízo progressivo do aprendizado em diferentes áreas do conhecimento.

“O desenvolvimento escolar é significativamente impactado e, na ausência de tratamento, o

prejuízo é progressivo à medida que a criança avança nas séries escolares”, destacou o Dr. Marcio.

Quais são os tipos de dislexia?

É importante saber que existem diferentes tipos, e cada um deles traz desafios específicos para as crianças.

Dislexia Auditiva (ou Disfonética): Esse é o tipo mais comum de dislexia. As crianças com dislexia auditiva têm dificuldades em perceber e diferenciar os sons da fala.

Dislexia Visual (ou Diseidética): Neste tipo, a dificuldade está mais relacionada à percepção visual. As crianças podem confundir letras e palavras que parecem semelhantes, como "b" e "d", ou ter problemas para distinguir tamanhos e formas.

Dislexia Mista (ou Visuoauditiva): Como o nome sugere, a dislexia mista combina características da dislexia auditiva e visual. Isso significa que a criança enfrenta dificuldades tanto na percepção dos sons quanto na visualização das letras e palavras.

Dislexia Fonológica: Esse tipo é relacionado ao desenvolvimento da rota fonológica, que é essencial para a leitura. Crianças com dislexia fonológica podem ter dificuldade em ler palavras desconhecidas ou longas, mas conseguem ler palavras familiares com mais facilidade.

Disortografia: Embora não seja exatamente um tipo de dislexia, a disortografia é frequentemente mencionada no contexto das dificuldades de aprendizagem. Ela se refere à dificuldade em escrever corretamente, o que pode incluir erros na ortografia e na formação das palavras.

“A classificação segundo a causa distingue entre a dislexia inata e a adquirida. A primeira tem uma causa genética ou decorre de um evento no período fetal que danifica o cérebro, enquanto a última origina-se de um traumatismo ou derrame cerebral no início da vida”, explicou o Dr. Marcio.

Quais os sintomas de dislexia infantil?

Criança com a cabeça deitada sobre um caderno com aspecto de desânimo

A dislexia infantil pode se manifestar de várias maneiras, sendo identificada por sintomas, como:

  • Atraso da fala
  • Dificuldade em pronunciar palavras
  • Dificuldade na escrita (inversão de letras, letras espelhadas)
  • Confusão entre letras
  • Incapacidade de criar rimas
  • Leitura lenta
  • Prejuízo no ditado em sala de aula
  • Vocabulário reduzido
  • Dificuldade na produção textual
  • Confusão entre os lados esquerdo-direito

Como se comporta uma criança com dislexia?

É importante lembrar que cada criança é única e pode apresentar diferentes sinais e comportamentos. Mas existem algumas características comuns que podem ajudar a identificar se uma criança está enfrentando esse desafio.

Uma das coisas mais notáveis em crianças com dislexia é a dificuldade que elas têm com a leitura e a escrita. Elas podem ler de forma mais lenta e hesitante, frequentemente cometendo erros ao tentar decifrar palavras.

Crianças disléxicas muitas vezes também têm dificuldades em nomear palavras simples ou podem substituir palavras conhecidas por termos vagos, como "coisa" ou "aquilo". Essas crianças também podem ter problemas para seguir instruções, especialmente se forem longas ou complexas.

Crianças disléxicas também podem parecer desatentas ou distraídas. Isso não significa que elas não estão interessadas; muitas vezes, é apenas uma dificuldade em processar as informações da maneira que os outros fazem.

“O comportamento da criança com dislexia pode ser prejudicado quando ela percebe sua defasagem em relação aos outros alunos. Algumas crianças chegam a se retrair nas interações sociais porque se sentem inferiorizadas”, complementou o Dr. Marcio.

Como faço para saber se meu filho tem dislexia?

Se você está se perguntando como saber se seu filho tem dislexia, é importante ficar atento aos sinais e comportamentos que podem indicar essa condição, que já apontamos ao longo deste texto.

Se você percebeu alguns desses sinais no seu filho, é importante buscar ajuda profissional. Conversar com professores, psicólogos ou fonoaudiólogos pode ser um ótimo primeiro passo. Eles podem ajudar a avaliar a situação e oferecer estratégias para apoiar seu filho no aprendizado.

“Se o seu filho tiver dificuldade em aprender a ler nas primeiras séries escolares, a suspeita de dislexia é válida. Sugerimos uma consulta com um neuropediatra da sua confiança para uma avaliação completa”, afirmou o Dr. Marcio.

Importância de um diagnóstico adequado

O diagnóstico adequado da dislexia infantil é fundamental para ajudar a criança a superar os desafios que essa condição pode trazer. Quanto mais cedo a dislexia for identificada, melhor! Um diagnóstico precoce permite que a criança receba o apoio necessário logo no início da sua jornada escolar.

Reforçamos que cada criança é única e aprende de um jeito diferente. Com um diagnóstico adequado, os educadores e profissionais de saúde podem criar estratégias personalizadas que atendam às necessidades específicas da criança.

Saber que uma criança tem dislexia pode ajudar não só ela, mas também os pais e professores a entenderem as dificuldades que ela enfrenta. Isso pode reduzir a frustração e aumentar a empatia, criando um ambiente mais acolhedor e solidário.

“O diagnóstico adequado é crucial porque viabiliza as intervenções que permitirão atenuar o prejuízo inerente à dislexia. Ademais, o diagnóstico de dislexia obriga a escola a adaptar o currículo e as avaliações da criança”, destacou o Dr. Marcio.

Diferença entre autismo e dislexia

Quando falamos sobre autismo e dislexia, é fácil confundir as duas condições, já que ambas afetam a aprendizagem e podem impactar a vida escolar das crianças. Mas, na verdade, elas são bem diferentes!

O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição que afeta a maneira como uma pessoa se comunica e interage socialmente. As crianças com autismo podem ter dificuldades em entender expressões faciais, manter conversas e fazer amigos.

Além disso, elas podem apresentar comportamentos repetitivos e ter interesses restritos. O autismo é um espectro, o que significa que cada criança pode apresentar diferentes níveis de habilidade e desafios.

Por outro lado, a dislexia é um transtorno de aprendizagem específico que afeta principalmente a leitura e a escrita. Crianças disléxicas têm dificuldade em decifrar palavras, reconhecer sons das letras e podem inverter letras ou números.

“No autismo, diferentes áreas do desenvolvimento são comprometidas, como as habilidades de interação social, a comunicação por gestos, os interesses, o afeto e os padrões de comportamento. Por outro lado, a dislexia afeta as habilidades de linguagem”, diferenciou o Dr. Marcio.

Causas da dislexia

Existem várias causas que podem contribuir para o desenvolvimento da dislexia nas crianças.

  • Fator Genético: A dislexia tem um forte componente hereditário. Isso significa que, se há casos de dislexia na família, as chances de uma criança também ter aumentam.
  • Alterações no Cérebro: A dislexia está relacionada a diferenças no funcionamento do cérebro, especialmente nas áreas responsáveis pela linguagem e leitura. Essas alterações podem afetar como a criança processa os sons das letras e palavras.
  • Desenvolvimento do Sistema Nervoso Central: Problemas que ocorrem durante o desenvolvimento do sistema nervoso central, como complicações na gravidez ou no parto, também podem contribuir para o surgimento da dislexia.
  • Exposição a Substâncias Durante a Gravidez: A exposição a substâncias como álcool, nicotina ou drogas durante a gestação pode impactar o desenvolvimento cerebral da criança e aumentar as chances de dislexia.

Graus de severidade

Dislexia Leve: A dislexia leve é o tipo mais tranquilo. As crianças podem ter algumas dificuldades na leitura e na escrita, mas geralmente conseguem lidar com isso com algumas adaptações simples.

Dislexia Moderada: Na dislexia moderada, as dificuldades são mais evidentes. As crianças podem cometer mais erros ortográficos e ter dificuldade em reter novas informações. É comum que elas sintam que o que aprenderam "desaparece" da memória rapidamente. Nesse caso, intervenções mais constantes são necessárias, como adaptações escolares e terapias regulares.

Dislexia Severa: A dislexia severa é a forma mais intensa da condição e pode causar prejuízos significativos no aprendizado. Crianças com dislexia severa podem levar anos para aprender a ler e escrever, mesmo com muitas intervenções. Elas frequentemente precisam de adaptações intensivas, como tempo extra em provas, uso de leitores ou calculadoras, e estímulos constantes para ajudar no desenvolvimento.

Formas de tratamento

Existem várias formas de tratamento que podem ajudar as crianças a superarem suas dificuldades e a se desenvolverem de maneira saudável.

  • Fonoaudiologia: O fonoaudiólogo é um profissional chave no tratamento da dislexia. Ele ajuda a criança a melhorar suas habilidades de leitura e escrita, trabalhando na associação dos sons da fala com as letras correspondentes.
  • Adaptações na Escola: A escola também tem um papel super importante! Os professores podem fazer adaptações nas atividades para ajudar as crianças disléxicas a se sentirem mais incluídas e confiantes.
  • Psicoterapia: A terapia psicológica é fundamental, pois muitas crianças com dislexia enfrentam questões emocionais, como baixa autoestima e dificuldades nos relacionamentos.
  • Métodos de Alfabetização: Existem dois métodos de alfabetização que costumam ser muito eficazes no tratamento da dislexia: o método fônico e o método multissensorial. O método fônico é ótimo para crianças mais novas, pois ensina a relação entre letras e sons desde o início da alfabetização. Já o método multissensorial é indicado para crianças que já tentaram aprender a ler antes e tiveram dificuldades, usando diferentes sentidos para reforçar o aprendizado.
  • Uso de Jogos e Atividades Lúdicas: Incorporar jogos e atividades lúdicas no processo de aprendizado pode ser uma maneira divertida de ajudar as crianças disléxicas!
  • Prática diária da leitura em casa: idealmente com a participação dos pais;
  • Elaboração de um Plano Educacional Individualizado (PEI) pela escola: todo material impresso entregue à criança, incluindo testes, provas, exercícios em sala de aula e deveres de casa, deve ser impresso em espaço duplo e em apenas um dos lados de cada folha. Existe ainda a possibilidade de se usar uma fonte própria para disléxicos, disponível na internet.

“O tratamento da dislexia deve ser iniciado tão logo se constate o atraso no aprendizado da leitura”, concluiu o Dr. Marcio.

Conclusão

É essencial reforçar que, embora a dislexia infantil seja desafiadora, ela pode ser compreendida e tratada de forma eficaz. A dislexia não define a inteligência de uma criança; ela apenas indica que o cérebro processa a leitura e a escrita de uma maneira diferente.

Identificar os sinais e sintomas, como dificuldades na leitura, confusão com letras e números, e problemas de autoestima, é o primeiro passo para buscar ajuda. Um diagnóstico adequado é fundamental, pois permite que as crianças recebam o suporte necessário desde cedo, ajudando-as a desenvolver suas habilidades e a se sentirem confiantes.

Lembre-se de que o apoio de profissionais como fonoaudiólogos e psicólogos, junto com adaptações na escola e em casa, pode fazer toda a diferença. Com as estratégias corretas, as crianças disléxicas podem prosperar e brilhar em suas jornadas educacionais!

“O suporte correto à criança com dislexia suspeita ou diagnosticada deve ser precoce e intensivo. Com o suporte correto e atenção integral às crianças, a grande maioria aprenderá a ler fluentemente”, afirmou o Dr. Marcio.

As dicas não substituem uma consulta médica. Procure um profissional de saúde especializado para receber orientações individualizadas.

Dr. Márcio Vasconcelos
Dr. Márcio Vasconcelos
Neuropediatra

Formação Acadêmica:

  • Médico formada pela UNI RIO.
  • Diretor Técnico da Clínica SNCa Serviço de Neurologia da Criança, Rio de Janeiro-RJ.
  • Professor Associado de Pediatria/Neuropediatria da Universidade Federal Fluminense.
  • Fellow em Neurologia Pediátrica pela George Washington University, Washington DC, EUA.
  • Mestre em Pediatria e Doutor em Neurologia pela Universidade Federal Fluminense.

Títulos, Classificação e Segmentação:

  • HCP não visitado pela equipe de visita médica.:
  • Possui 10,5 mil -  @autismopedia

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