Imagem de uma criança ao centro brincando de uma brincadeira africana no chão. Ao fundo seus pais torcem por ela

9 brincadeiras africanas para fazer com as crianças

Pré-Escolar e Escolar
Artigo
Mar 28, 2025
8mins

Brincadeiras africanas: ideias para valorizar a identidade e cultura dos países africanos através de jogos e brincadeiras tradicionais.

Introdução

Brincadeiras africanas, como terra-mar, garrafinha, labirinto, matacuzana, Da Ga, fogo na montanha, mancala e banyoka são tão variadas quanto os povos e paisagens do continente.

A Lei 10.639/03, de 2003 tornou obrigatório o estudo de história e cultura afro-brasileira nas escolas. Esse importante passo na educação de crianças brasileiras traz o entendimento da proximidade histórica e cultural do Brasil com a África. 

Em especial para crianças negras, essa educação incentiva o olhar e a valorização de sua ancestralidade. E, claro, uma das melhores e mais divertidas formas de valorizar essa identidade e cultura é através de jogos e brincadeiras.

Quais são as brincadeiras africanas mais conhecidas?

Algumas das brincadeiras africanas infantis mais conhecidas no Brasil são terra-mar (Moçambique), mamba (África do Sul), banyoka (Zaire e Zâmbia) e kudoda (Zimbábue).

Além das brincadeiras em grupo, há atividades criativas, como a elaboração de Abayomis, bonecas de retalhos de panos, barbantes e pedacinhos de barbantes que são parte da tradição iorubá. Por usar cola e tesoura, é necessário a supervisão de um adulto.

O desenho também é parte importante. A criação de máscaras, elementos culturais importantes de povos do continente, pode motivar pesquisas conjuntas. A elaboração de diferentes máscaras pode ser feita em cartolina ou papelão pintadas com giz de cera, lápis de cor ou tinta guache. 

Além disso, o desenho aparece na brincadeira de labirinto, de Moçambique, em que as crianças se revezam na travessia de um labirinto desenhado no chão.

Quais são as características das brincadeiras africanas?

Como todas as brincadeiras de criança, os jogos infantis africanos são atividades que estimulam a consciência corporal, a memória e o trabalho em grupo.

As brincadeiras infantis africanas trazem muitos cantos, nomes, comandos e palavras em suas línguas originais, que ajudam a aproximar as crianças brasileiras das línguas faladas no continente. 

É importante enfatizar que a África é formada por mais de cinquenta países, e que cada um tem seus povos, línguas e tradições — e que crianças, de todos os lugares, gostam de brincar!

Algumas brincadeiras africanas, como o terra-mar, desenvolvem a concentração e a atenção. A brincadeira "fogo na montanha" incentiva a colaboração através da tomada de decisões em conjunto. A banyoka é um divertido jogo em grupo que estimula a coordenação, vamos falar mais sobre ela ao longo do texto. As brincadeiras africanas também trazem jogos de sorte, coreografias e danças.

Por que ensinar brincadeiras africanas para as crianças?

Apesar de mais da metade da população brasileira se declarar negra (fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE), as heranças culturais africanas são menos representadas na sociedade do que, por exemplo, as europeias. 

Dessa forma, as brincadeiras são uma forma de inserir, incentivar e reconhecer a importância das populações africanas na vida brasileira.

Origem dos jogos africanos

Os jogos africanos retratam atividades que eram praticadas no cotidiano das tribos, como a colheita, o plantio, a caça e a pesca, táticas que foram e são passadas de geração para geração. O jogo de pilão, por exemplo, mostra a importância do trabalho agrícola. Muitas dessas brincadeiras exigem raciocínio e estratégia, enquanto outras têm foco no desenvolvimento físico e motor.

Existem os jogos de alinhamento, onde seu objetivo é alinhar três ou mais peças, e os jogos de transferência, chamados de mancala, que são bem antigos, desde o antigo Egito, cerca de 1580 a.C.

Qual é a influência da cultura africana nos jogos atuais?

Você sabia que muitos dos jogos modernos foram inspirados por jogos tradicionais africanos? Um exemplo claro disso é o Pé de Lata, uma brincadeira muito popular entre as crianças brasileiras. 

O Pé de Lata tem origem nas tribos africanas, onde jovens usavam pedaços de madeira ou bambu para se equilibrar e se movimentar. Com o tempo, essa ideia foi adaptada para latas e também para a perna de pau, muito usada em espetáculos de circo e teatro.

São diversos jogos e brincadeiras presentes no nosso cotidiano que tem origem africana, como bambolê, cama de gato e pular corda, e que seguem incentivando a criação de novas atividades e mostram a importância de brincar.

9 brincadeiras africanas passo a passo

Existem muitos jogos africanos coletivos e de bastante movimento, que podem ser recriados em casa ou na escola. Conheça cinco brincadeiras africanas, com exemplos em vídeo.

1. Terra-mar

Com giz, as crianças riscam uma longa reta no chão, definindo que um lado é a terra e o outro lado é o mar. Inicia com todas as crianças do lado terra. Ao falar "mar", todas saltam ao mesmo tempo para o lado mar. Ao falar terra, voltam para o lado terra. E assim sucessivamente. Quem pular para o lado errado, sai da brincadeira. Quem ficar por último, vence.

2. Acompanhe meus pés

O número de participantes na brincadeira é livre. As crianças escolhem um líder para começar e formam uma roda ao redor dele. Esse líder deve cantar uma música e bater palmas no centro da roda. Ao parar na frente de uma das crianças, ela deve refazer os movimentos da dança e se tornar o líder. Caso não consiga, o líder segue e tenta de novo com outra criança da roda.

3. Da Ga (jiboia)

As crianças desenham um retângulo no chão, que será a "casa da cobra". Uma criança é escolhida para ser a cobra e deve ficar dentro do retângulo. As outras crianças devem todas ficar próximas ao desenho e a cobra deve tentar encostar nos jogadores. Quando uma criança é encostada, ela passa para o lado de dentro do retângulo, onde todos devem ficar de mãos dadas, usando uma mão livre para pegar os outros jogadores. O último a não ser pego pela cobra, vence.

4. Labirinto

Desenha-se um labirinto com diferentes etapas, com giz, no chão. As crianças começam na parte de fora do desenho e podem usar uma pedra ou objeto para marcar o lugar de cada jogador. Os jogadores tiram par ou ímpar e o vencedor de cada rodada avança uma casa. Repete até chegar ao final. Quem chegar primeiro vence a partida.

5. Banyoka

As crianças podem ser separadas em duplas ou trios. Estabeleça uma linha de partida e outra de chegada. Cada grupo deve sentar no chão e colocar as mãos nos ombros da criança à sua frente, formando assim uma "cobra" (significado da palavra banyoka no Zaire e Zâmbia). Cada "cobra" deve se movimentar sem se soltar até chegar na linha de chegada. quem chegar mais rápido, vence.

6. Saltando feijão

Essa é uma adaptação de uma brincadeira infantil da Nigéria. Originalmente era feita usando um saco de feijão amarrado no final de uma corda, mas é possível fazer com uma garrafa pet presa à uma corda longa. Encha a garrafa com mais ou menos 250g de feijão, posicione as crianças em roda, e a que for escolhida para balançar a corda deverá ficar no meio do círculo. 

Ela deve balançar a corda perto do chão, e os jogadores devem pular para não serem atingidos pela corda. Caso isso aconteça, o jogador estará fora do jogo. 

O jogo continua até que reste apenas um jogador, que será o vencedor. Esse jogo pode ser feito com todas as idades, o que irá diferenciar será apenas a altura e velocidade do giro.

7. Mamba

Marque e estabeleça um campo para o jogo. Por exemplo, a metade de uma grande quadra. Todos devem permanecer dentro dos limites do campo. Escolha um jogador para ser a mamba (cobra). A cobra deve correr ao redor da área marcada e tentar apanhar os outros. 

Quando um jogador é pego, ele segura sobre os ombros ou a cintura do jogador que representa a cobra e assim sucessivamente. Somente o primeiro jogador (a cabeça da serpente) pode pegar outras pessoas. Os outros jogadores do corpo podem ajudar não permitindo que os adversários passem, pois estes não podem passar pelo corpo da serpente. O último que não foi pego vence. 

8. O silêncio é de ouro

Essa é uma adaptação de um jogo do Egito. Organize as crianças em círculo. Escolha um aluno para ser o faraó. O faraó anda no círculo e faz um gesto engraçado ou toca bem de leve em alguma das crianças sentadas. 

Se esta não fizer nenhum barulho, ele deve passar para a próxima criança que estiver à esquerda desta, e seguir fazendo o mesmo gesto ou toque até passar por todas as crianças da roda. Se alguma criança fizer algum barulho enquanto o faraó estiver fazendo os gestos, esta assumirá o lugar do Faraó. 

9. Pegue a cauda

É a adaptação de uma brincadeira infantil da Nigéria. Os jogadores se dividem em equipes. Cada equipe forma uma fila segurando pelo ombro ou cintura. O último jogador coloca um lenço no bolso ou no cinto, que será “a cauda”. 

A primeira pessoa na linha comanda a equipe na perseguição, este é a “cabeça da cobra” e apenas ele deve tentar pegar o lenço, ou seja, a “cauda” da outra equipe. A equipe deve correr sempre junta. O grupo que se desfizer durante a corrida perde ponto. Ganha quem pegar mais lenços. Se for apenas duas equipes, ganha quem pegar primeiro. 

Converse com as crianças sobre a melhor movimentação da equipe para proteger a sua cauda, pois muitas vezes os grupos correm em linha reta. Explique que a brincadeira faz menção a cobra pela forma de movimentação mais estratégica, ou seja, de forma sinuosa, lembrando a movimentação de uma cobra para dar o bote.

Brincadeiras africanas: respeito na hora de realizar

Crianças aprendem brincando e as brincadeiras africanas, seja em sala de aula ou em casa, abrem possibilidades das crianças conhecerem mais sobre a cultura africana e afro-brasileira, entendendo a contribuição desses povos como importante para a herança cultural brasileira.

Por isso, é essencial que as brincadeiras sejam conduzidas de forma que todas as crianças se sintam incluídas e participantes, e que em especial as crianças negras vivam essas brincadeiras como momentos de orgulho de sua ancestralidade e identidade.

Para tanto, é importante evitar a propagação de estereótipos negativos de raça ou expressões que machucam e ofendem pessoas negras.

Referências

CUNHA, Débora Alfaia da. Brincadeiras africanas para a educação cultural. 2016.

PAIXÃO, Amaralina Câmara da. Brinquedos e brincadeiras: uma influência de 
África em nosso cotidiano. 2021
Ludicidade Africana e Afro-brasileira

Documento da 2ª Conferência Nacional de Educação Matemática, por Elen Klimeck Brauner1.

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