Amamentação em situações especiais: o que é?
Descubra a importância do aleitamento materno para a mãe e para o desenvolvimento do bebê em situações especiais. Saiba mais!
Introdução
O aleitamento materno é fundamental para o alcance de metas globais de nutrição, saúde e sobrevivência, crescimento econômico e sustentabilidade ambiental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomendam que o aleitamento materno seja iniciado na primeira hora após o nascimento, mantido exclusivamente nos primeiros 6 meses de vida e continuado, com alimentos complementares seguros e adequados, até os 2 anos ou mais.
O aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida fornece nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento físico e neurológico dos recém-nascidos.
Após os seis meses, o aleitamento materno continua fornecendo energia e nutrientes de qualidade que, juntamente com a alimentação complementar segura e adequada, ajudam a prevenir a desnutrição e a obesidade, garantindo a segurança alimentar do bebê.
Para as mães, a amamentação auxilia nas contrações uterinas, diminuindo o risco de hemorragia no momento do pós-parto. Também pode auxiliar no controle do peso, no retardo do retorno da fertilidade, além de fortalecer o vínculo afetivo com o filho recém-nascido.
Práticas inadequadas de aleitamento materno comprometem significativamente a saúde, o desenvolvimento e a sobrevivência de bebês, crianças e mães.
Benefícios da amamentação para bebês prematuros
Os benefícios do aleitamento materno são ainda maiores para os bebês prematuros, nos aspectos nutricional, gastrointestinal, imunológico, psicológico e de desenvolvimento motor.
O leite materno a curto prazo apresenta maior digestibilidade e biodisponibilidade de proteínas, lipídeos, minerais e vitaminas, com baixa carga renal de solutos e baixa osmolaridade.
Conheça outros benefícios do leite materno abaixo:
- Promove uma mais rápida e favorável colonização da microbiota intestinal;
- Auxilia na diminuição de infecções hospitalares;
- Reduz o tempo de internação hospitalar;
- Auxilia ainda no desenvolvimento neurológico;
- Previne a retinopatia e enterocolite da prematuridade e complicações respiratórias.
Além de todos os benefícios listados, a longo prazo, pode diminuir o risco de doenças alérgicas, diabetes mellitus, sobrepeso e obesidade entre outras doenças.
Apesar dos benefícios, a incidência e a duração do aleitamento materno pré-termo continuam sendo menores do que a dos recém-nascidos a termo. A menor incidência está provavelmente relacionada aos desafios da amamentação que os prematuros e os pais enfrentam.
Os recém-nascidos com baixo peso e prematuros podem apresentar mais dificuldades na lactação e ganho ponderal por problemas na sucção e deglutição decorrentes de sua imaturidade motora. Os pais, por sua vez, podem enfrentar dificuldades no cuidado do recém-nascido prematuro.
A fim de aumentar a incidência e a duração do aleitamento materno prematuro, deve-se estimular a presença dos pais 24 horas ao dia nas unidades neonatais, o método mãe canguru (o contato pele a pele iniciado precocemente e mantido o maior tempo possível) e o apoio dos profissionais de saúde e familiares à amamentação.
Os profissionais de saúde neonatal devem apoiar a lactação e potencialmente reduzir as disparidades na oferta do próprio leite materno, fornecendo suporte institucional para a expressão precoce e frequente do leite e promovendo o contato pele a pele e o aleitamento materno direto, quando apropriado. A promoção do leite humano e do aleitamento materno para recém-nascidos de baixo peso requer a adoção multidisciplinar e sistêmica de práticas de apoio à lactação.
Benefícios da amamentação para prevenção da obesidade
O sobrepeso e a obesidade estão cada vez mais prevalentes em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, tornando-se atualmente um grande problema público de saúde.
Em algumas culturas, acredita-se que mães e recém-nascidos obesos são mais saudáveis, porém há diversas doenças relacionadas a esta população, como a deficiência nutricional (déficit de vitaminas e minerais), diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão, cânceres, entre outros.
Estudos demonstram ainda que as mães obesas (com índice de massa corpórea - IMC >30) têm menos probabilidade de iniciar a lactação, apresentam atraso na lactogênese II e são propensas à interrupção precoce da amamentação.
Benefícios da amamentação nas gestações tardias
Cada vez mais, casais têm programado a gestação para períodos mais tardios de suas vidas. Entretanto, em especial em mulheres acima de 35 anos, há menos chance de engravidar e os riscos na gestação para as mães e recém-nascidos são maiores, como os riscos de malformações cromossômicas fetais, abortos espontâneos, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional, gestação múltipla e prematuridade entre outros.
Contudo, muitas mães nesta faixa etária não mantém a amamentação por tempo prolongado por dificuldades associadas aos seus trabalhos, cuidados com a casa ou múltiplos filhos, ou mesmo por medo de que seu leite não esteja suficiente para a amamentação de seu filho.
Benefícios da amamentação para gestações múltiplas
A gestação múltipla também é um grande desafio para as famílias e seus recém-nascidos. Muitos mitos são associados à amamentação no pós-parto de gemelares.
Fala-se que a lactância materna exclusiva não é possível; que a mãe não irá produzir leite suficiente para os bebês ou que ficará enferma se o fizer, entretanto o aleitamento materno em gemelares é possível e é indicado.
Outras situações especiais
Existem outras situações que podem impactar a amamentação do bebê, incluindo condições de saúde da mãe e/ou do bebê. Por isso, é importante buscar ajuda profissional, que poderá fazer a orientação individualizada.
Conclusão
O aleitamento materno é fundamental para a promoção da saúde materno-fetal. Entretanto, a amamentação em situações especiais como a prematuridade, obesidade, gestação múltipla ou gestação tardia, em certas doenças infecciosas apresenta grande desafio para o início e permanência da lactância materna.
Muito importante para estes casos é o apoio dos profissionais de saúde e familiares à amamentação.
As dicas não substituem uma consulta médica. Procure um profissional de saúde especializado para receber orientações individualizadas.
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